Assistimos, traumatizados, ao mediatizado suicídio de Leandro. Parece que este jovem de Mirandela, com apenas 12 anos, não aguentou mais a humilhação e entregou-se ao Tua.
O país acordou, como que surpreendido, com esta violenta realidade escolar e, entre pedidos de responsabilidade à Escola e aberturas de averiguações nas quais já ninguém acredita, provavelmente o assunto morrerá, também ele, levado pelo rio.
Leandro era aluno, violentado por colegas alunos. Mas não são só eles que soçobram ao dia-a-dia escolar.
Também Luís fez manchetes de jornal. Professor em Sintra, vivia em terror com as aulas de Musica que aí leccionava. Aos 51 anos, parou o carro na ponte 25 de Abril, e atirou-se ao rio.
A primeira vez que me deparei, mais seriamente, com a expressão Bullying, foi há uns anos atrás num processo em tribunal. Fui nomeado para defender uma criança, pré-adolescente, num processo em que lhe eram imputadas uma série de crueldades, graves, que em conjunto com outros tinha infligido a miúdos, ainda mais novos e mais frágeis.
Li o processo antes de conhecer o miúdo e, confesso, fiquei impressionado com o que vinha relatado naquelas páginas. Imaginei um animal precoce, violento e irrecuperável. Afinal não, era apenas um miúdo parvo, influenciável, autor de uma piada sem graça nenhuma, especialmente para os coitados que foram suas vítimas. Mas só isso!
Eu, como quase todos, também já fui criança e também andei na escola.
Sempre houve abusos dos maiores para com os mais pequenos. Sempre houve calduços, “toques-de-orelha”, humilhaçõezitas, mais ou menos mesquinhas. Receio bem, que sempre irão haver!
O que me preocupa, no entanto, é o à vontade com que os insurrectos de agora encaram as suas tropelias. Não há sentimentos de culpa nem receios de consequências. É como se nesta nova era, as coisas fossem assim mesmo.
Mas infelizmente há! E é bom que rapidamente as consequências apareçam, para que se inverta esta maré.
No entanto, a minha preocupação não diminui quando vejo as opções que se apresentam para resolver o problema. Basicamente são de duas naturezas: Uma, mais pseudo-intelectual, defende que as crianças são por natureza irreverentes, que as escolas são (apenas) espaços de recreio e libertação de ansiedades. Por isso, nada se deve fazer de carácter repressivo. Outra, mais radical, inclina-se para o regresso à autoridade da escola, via violência e castigo físico. Se não vai a bem, vai à reguada. Não creio que nenhuma nos traga melhores dias.
É verdade que a irreverência dos jovens não traz desgraça ao mundo, assim como é verdade que as (poucas) reguadas que levei não me deixaram qualquer trauma.
Concordo que um elemento central da inversão deste processo de degradação da vida escolar, e consequentemente das gerações que dela saem, é a disciplina. No entanto, sugiro a todos que aprofundem o significado da palavra. A vertente do castigo físico é apenas uma visão limitada do conceito. Na realidade, disciplina é a instrução a ser administrada a discípulos. Tem a ver com dar o exemplo!
Talvez valha a pena reflectirmos sobre o exemplo que estamos a dar, sobre que discípulos são estes que estamos a deixar, antes de serem tomadas decisões imediatistas e efémeras.
Sendo apenas uma vertente do problema, partilho convosco uma interessante frase de Joubert: “As crianças precisam mais de modelos do que de críticas”
O país acordou, como que surpreendido, com esta violenta realidade escolar e, entre pedidos de responsabilidade à Escola e aberturas de averiguações nas quais já ninguém acredita, provavelmente o assunto morrerá, também ele, levado pelo rio.
Leandro era aluno, violentado por colegas alunos. Mas não são só eles que soçobram ao dia-a-dia escolar.
Também Luís fez manchetes de jornal. Professor em Sintra, vivia em terror com as aulas de Musica que aí leccionava. Aos 51 anos, parou o carro na ponte 25 de Abril, e atirou-se ao rio.
A primeira vez que me deparei, mais seriamente, com a expressão Bullying, foi há uns anos atrás num processo em tribunal. Fui nomeado para defender uma criança, pré-adolescente, num processo em que lhe eram imputadas uma série de crueldades, graves, que em conjunto com outros tinha infligido a miúdos, ainda mais novos e mais frágeis.
Li o processo antes de conhecer o miúdo e, confesso, fiquei impressionado com o que vinha relatado naquelas páginas. Imaginei um animal precoce, violento e irrecuperável. Afinal não, era apenas um miúdo parvo, influenciável, autor de uma piada sem graça nenhuma, especialmente para os coitados que foram suas vítimas. Mas só isso!
Eu, como quase todos, também já fui criança e também andei na escola.
Sempre houve abusos dos maiores para com os mais pequenos. Sempre houve calduços, “toques-de-orelha”, humilhaçõezitas, mais ou menos mesquinhas. Receio bem, que sempre irão haver!
O que me preocupa, no entanto, é o à vontade com que os insurrectos de agora encaram as suas tropelias. Não há sentimentos de culpa nem receios de consequências. É como se nesta nova era, as coisas fossem assim mesmo.
Mas infelizmente há! E é bom que rapidamente as consequências apareçam, para que se inverta esta maré.
No entanto, a minha preocupação não diminui quando vejo as opções que se apresentam para resolver o problema. Basicamente são de duas naturezas: Uma, mais pseudo-intelectual, defende que as crianças são por natureza irreverentes, que as escolas são (apenas) espaços de recreio e libertação de ansiedades. Por isso, nada se deve fazer de carácter repressivo. Outra, mais radical, inclina-se para o regresso à autoridade da escola, via violência e castigo físico. Se não vai a bem, vai à reguada. Não creio que nenhuma nos traga melhores dias.
É verdade que a irreverência dos jovens não traz desgraça ao mundo, assim como é verdade que as (poucas) reguadas que levei não me deixaram qualquer trauma.
Concordo que um elemento central da inversão deste processo de degradação da vida escolar, e consequentemente das gerações que dela saem, é a disciplina. No entanto, sugiro a todos que aprofundem o significado da palavra. A vertente do castigo físico é apenas uma visão limitada do conceito. Na realidade, disciplina é a instrução a ser administrada a discípulos. Tem a ver com dar o exemplo!
Talvez valha a pena reflectirmos sobre o exemplo que estamos a dar, sobre que discípulos são estes que estamos a deixar, antes de serem tomadas decisões imediatistas e efémeras.
Sendo apenas uma vertente do problema, partilho convosco uma interessante frase de Joubert: “As crianças precisam mais de modelos do que de críticas”