A história de James Bain podia ter sido mais uma entre muitas iguais.
Podia ter entrado nos vinte anos como qualquer semi-adulto. Com as ansiedades e inseguranças naturais dessa altura. Também, com a jovialidade e a força de mover montanhas, natural da idade. Podia ter namorado com as colegas de escola ou trabalho, acompanhado o envelhecer da mãe, ido à missa aos domingos.
Podia ter sentido o vento frio de inverno, o sol quente de verão. Seria normal também que de um desses namoros, surgisse algo mais sério, e o privilégio de ter filhos sobre si recaísse.
Chegaria aos trinta sem a força dos vinte, mas com a maturidade que as responsabilidades trazem. Dedicar-se ia a vencer as adversidades da vida, beijaria os seus filhos de manhã, acompanharia a sua mulher na refeição da noite. Não seria, porventura, feliz nem infeliz. Mas viveria a sua vida.
Entraria nos 40 achando que a vida o surpreendeu. Afinal, corre mais veloz que a sua percepção. Os filhos são agora mais autónomos, mais independentes, mas também, mais problemáticos.
No emprego, ocuparia uma posição de maior responsabilidade. Era já um “sénior”, experiente na sua área, moderador dos conflitos dos novos elementos que, cadenciadamente, iam substituindo os que entravam na reforma.
Entraria nos 50, nostálgico dos seus 20, e 30. Contaria aos amigos, os feitos da juventude. Recordar-se-ia com a mulher dos primeiros anos da vida conjunta, do nascimento dos filhos, das suas primeiras idas à escola, das iniciais palavras, dos primeiros sustos.
Deixaria que a brisa lhe roçasse a cara com as experiencias vividas, e sorriria por umas, choraria por outras.
Mas não foi essa a vida de James Bain!
Aos 19 anos de idade, foi preso!
Acusado de raptar e violar um rapaz de 9 anos, viu nesse fim de adolescência, o seu mundo ruir.
De repente, tudo e todos se viraram contra ele. Deixou de ser um rapaz querido, para passar a ser um pária, uma aberração da sociedade, um vil animal que se aproveitara de uma pequena criancinha.
A verdade, é que não tinha sido ele, facto que apenas foi apurado após 35 longos anos de cárcere.
E por um erro da Justiça, o livro da sua vida viu muitas das mais importantes páginas rasgadas.
Nem tão pouco os 50 mil dólares que receberá, por cada ano passado na prisão, o compensarão da sua perda. Aliás, não é dinheiro o que ele mais anseia. É tão só, sentir o vento da liberdade afagar-lhe o seu rosto de 54 anos, a maior parte dos quais, vividos em injusta reclusão.
Esta triste história não pretende arranjar culpados, ou diminuir a confiança na justiça, que já tão fustigada anda.
Também nos tribunais, o que lá se faz, é feito por homens. E nada há feito por homens que seja imune ao erro.
No entanto, nesta onda, cíclica, onde ora se critica o excesso, ou a falta, de garantias que os processos judiciais comportam, vejo com tristeza uma ânsia desumanizada em condenar, punir. Pensa-se, e mal, que só quem condena faz justiça.
Claro está que, se há vítima, haverá, quase sempre, culpado. Pode é não ser, e não é muitas vezes, quem as circunstâncias fazem parecer que é.
Porque, genericamente, melhor modelo de justiça ainda ninguém foi capaz de apresentar, só há uma forma de evitar que mais erros destes aconteçam. Tratar cada caso com abertura de espírito, e deixar que as provas levem a conclusões.
O problema é que, vezes demais, são as conclusões que andam à procura das provas!
Podia ter entrado nos vinte anos como qualquer semi-adulto. Com as ansiedades e inseguranças naturais dessa altura. Também, com a jovialidade e a força de mover montanhas, natural da idade. Podia ter namorado com as colegas de escola ou trabalho, acompanhado o envelhecer da mãe, ido à missa aos domingos.
Podia ter sentido o vento frio de inverno, o sol quente de verão. Seria normal também que de um desses namoros, surgisse algo mais sério, e o privilégio de ter filhos sobre si recaísse.
Chegaria aos trinta sem a força dos vinte, mas com a maturidade que as responsabilidades trazem. Dedicar-se ia a vencer as adversidades da vida, beijaria os seus filhos de manhã, acompanharia a sua mulher na refeição da noite. Não seria, porventura, feliz nem infeliz. Mas viveria a sua vida.
Entraria nos 40 achando que a vida o surpreendeu. Afinal, corre mais veloz que a sua percepção. Os filhos são agora mais autónomos, mais independentes, mas também, mais problemáticos.
No emprego, ocuparia uma posição de maior responsabilidade. Era já um “sénior”, experiente na sua área, moderador dos conflitos dos novos elementos que, cadenciadamente, iam substituindo os que entravam na reforma.
Entraria nos 50, nostálgico dos seus 20, e 30. Contaria aos amigos, os feitos da juventude. Recordar-se-ia com a mulher dos primeiros anos da vida conjunta, do nascimento dos filhos, das suas primeiras idas à escola, das iniciais palavras, dos primeiros sustos.
Deixaria que a brisa lhe roçasse a cara com as experiencias vividas, e sorriria por umas, choraria por outras.
Mas não foi essa a vida de James Bain!
Aos 19 anos de idade, foi preso!
Acusado de raptar e violar um rapaz de 9 anos, viu nesse fim de adolescência, o seu mundo ruir.
De repente, tudo e todos se viraram contra ele. Deixou de ser um rapaz querido, para passar a ser um pária, uma aberração da sociedade, um vil animal que se aproveitara de uma pequena criancinha.
A verdade, é que não tinha sido ele, facto que apenas foi apurado após 35 longos anos de cárcere.
E por um erro da Justiça, o livro da sua vida viu muitas das mais importantes páginas rasgadas.
Nem tão pouco os 50 mil dólares que receberá, por cada ano passado na prisão, o compensarão da sua perda. Aliás, não é dinheiro o que ele mais anseia. É tão só, sentir o vento da liberdade afagar-lhe o seu rosto de 54 anos, a maior parte dos quais, vividos em injusta reclusão.
Esta triste história não pretende arranjar culpados, ou diminuir a confiança na justiça, que já tão fustigada anda.
Também nos tribunais, o que lá se faz, é feito por homens. E nada há feito por homens que seja imune ao erro.
No entanto, nesta onda, cíclica, onde ora se critica o excesso, ou a falta, de garantias que os processos judiciais comportam, vejo com tristeza uma ânsia desumanizada em condenar, punir. Pensa-se, e mal, que só quem condena faz justiça.
Claro está que, se há vítima, haverá, quase sempre, culpado. Pode é não ser, e não é muitas vezes, quem as circunstâncias fazem parecer que é.
Porque, genericamente, melhor modelo de justiça ainda ninguém foi capaz de apresentar, só há uma forma de evitar que mais erros destes aconteçam. Tratar cada caso com abertura de espírito, e deixar que as provas levem a conclusões.
O problema é que, vezes demais, são as conclusões que andam à procura das provas!
1 comentário:
Parabéns!! Cronica bem escrita e se o intuito seria embalar o leitor, mesmo que com uma real, triste, história, - conseguiu.
Momentos felizes, saúde e cá espero por outras crónicas suas, Dr David.
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