Há entre nós Portugueses, tantos que defendem que um dos problemas do país, se não o principal, é a falta de produtividade.
Os estudos comparativos existentes não nos são simpáticos. Sistematicamente, arrastam Portugal para os lugares do fim, concluindo que demoramos mais do que os outros, para fazer menos do que os outros.
Não há razão para ficarmos contentes. Nem quietos!
Lembrei-me de escrever sobre este assunto, imagine-se, na sala de espera de uma clínica de análises médicas. Eram 10:30, e eu ainda aguardava para fazer uma ecografia que havia marcado, semanas antes, para as 9. Fui chamado quando acabava de escrever o primeiro parágrafo deste artigo!
Pediram-me para tirar o casaco, desapertar as calças, e, surpresa, voltar a esperar. Finalmente, consegui iniciar o exame. Três minutos depois, diagnóstico de tudo normal, fui à minha vida. E assim se passou uma manhã.
Mas nem só nas clínicas de análises se espera.
No passado dia 4 de Março foi greve da função pública. Tinha, na manhã desse dia, julgamento marcado. Para as 9:30 da manhã, como infelizmente é habitual, havia para o mesmo Juiz, 8 julgamentos. Sim, todos à mesma hora! Como se isso fosse uma tarefa possível.
Mas adiante! Das outras secções e Juízos, depois de uma pequena HORA de espera, advogados, arguidos, queixosos e testemunhas foram sendo dispensados, uma vez que a greve dos funcionários tornava inviáveis os julgamentos.
Todos, menos do juízo e secção do meu processo! Após quase duas horas de espera, sem qualquer justificação, fomos chamados à sala de audiências para, imagine-se, sermos informados que o julgamento seria adiado por causa da greve. E lá foram todos, felizes e conformados com uma manhã perdida, às suas vidas.
Não há repartição pública, serviço de finanças, consultório médico ou escritório de advogados que se preze, no qual o desgraçado do utente não tenha de esperar algum (bastante) tempo. Mesmo que tenha agendado e reconfirmado a sua hora. Faz parte, é fino, e as pessoas conformam-se! Fazem mal!
Aqui há uns anos, um amigo meu bastante mais velho, contou-me uma história que me apetece repartir convosco.
Certo dia, havia marcado uma reunião com o director de uma grande empresa, na qual estava confiante de fazer um bom negócio. Chegou cinco minutos mais tarde, e, não obstante pedidos de desculpa e insistências, não foi recebido. Meio frustrado, remarcou a dita reunião para a semana seguinte. No dia em causa, chegou à hora marcada e foi prontamente recebido. Cinco minutos depois estava a sair, com o negócio fechado e uma lição de vida. Muito se consegue fazer em cinco minutos, daí a sua importância.
Ouvi também, alguma vez sem me recordar bem onde, que a maior falta de respeito é fazer alguém esperar. Se o tempo é, seguramente, o bem mais escasso de que dispomos, bem se compreende que “roubar” algum ao nosso semelhante, é privá-lo de algo valiosíssimo, de impossível reparação.
Usando a justiça como exemplo, apenas porque me é mais próximo o tema, arrisco dizer que aquilo que os cidadãos mais temem quando se vêem arrastados para um processo judicial, é a perda de tempo. Do seu tempo!
Não é de serem condenados, não é do ritual de togas e becas, nem sequer é da contraparte. É de saberem, à partida, que vão ser chamados para perderem dias inteiros, fechados numa sala de testemunhas, para nunca serem ouvidas à hora que consta da notificação, quase nunca no dia da notificação, e, em caso de falta, não escaparem da não tão pequena multa.
Confesso que não sei se é assim nas outras partes do mundo, espero bem que não. Mesmo que fosse, nada de bom daí adviria. Apenas saberíamos que há outros, tão errados quanto nós.
E, igualmente necessitados de mudar!
Os estudos comparativos existentes não nos são simpáticos. Sistematicamente, arrastam Portugal para os lugares do fim, concluindo que demoramos mais do que os outros, para fazer menos do que os outros.
Não há razão para ficarmos contentes. Nem quietos!
Lembrei-me de escrever sobre este assunto, imagine-se, na sala de espera de uma clínica de análises médicas. Eram 10:30, e eu ainda aguardava para fazer uma ecografia que havia marcado, semanas antes, para as 9. Fui chamado quando acabava de escrever o primeiro parágrafo deste artigo!
Pediram-me para tirar o casaco, desapertar as calças, e, surpresa, voltar a esperar. Finalmente, consegui iniciar o exame. Três minutos depois, diagnóstico de tudo normal, fui à minha vida. E assim se passou uma manhã.
Mas nem só nas clínicas de análises se espera.
No passado dia 4 de Março foi greve da função pública. Tinha, na manhã desse dia, julgamento marcado. Para as 9:30 da manhã, como infelizmente é habitual, havia para o mesmo Juiz, 8 julgamentos. Sim, todos à mesma hora! Como se isso fosse uma tarefa possível.
Mas adiante! Das outras secções e Juízos, depois de uma pequena HORA de espera, advogados, arguidos, queixosos e testemunhas foram sendo dispensados, uma vez que a greve dos funcionários tornava inviáveis os julgamentos.
Todos, menos do juízo e secção do meu processo! Após quase duas horas de espera, sem qualquer justificação, fomos chamados à sala de audiências para, imagine-se, sermos informados que o julgamento seria adiado por causa da greve. E lá foram todos, felizes e conformados com uma manhã perdida, às suas vidas.
Não há repartição pública, serviço de finanças, consultório médico ou escritório de advogados que se preze, no qual o desgraçado do utente não tenha de esperar algum (bastante) tempo. Mesmo que tenha agendado e reconfirmado a sua hora. Faz parte, é fino, e as pessoas conformam-se! Fazem mal!
Aqui há uns anos, um amigo meu bastante mais velho, contou-me uma história que me apetece repartir convosco.
Certo dia, havia marcado uma reunião com o director de uma grande empresa, na qual estava confiante de fazer um bom negócio. Chegou cinco minutos mais tarde, e, não obstante pedidos de desculpa e insistências, não foi recebido. Meio frustrado, remarcou a dita reunião para a semana seguinte. No dia em causa, chegou à hora marcada e foi prontamente recebido. Cinco minutos depois estava a sair, com o negócio fechado e uma lição de vida. Muito se consegue fazer em cinco minutos, daí a sua importância.
Ouvi também, alguma vez sem me recordar bem onde, que a maior falta de respeito é fazer alguém esperar. Se o tempo é, seguramente, o bem mais escasso de que dispomos, bem se compreende que “roubar” algum ao nosso semelhante, é privá-lo de algo valiosíssimo, de impossível reparação.
Usando a justiça como exemplo, apenas porque me é mais próximo o tema, arrisco dizer que aquilo que os cidadãos mais temem quando se vêem arrastados para um processo judicial, é a perda de tempo. Do seu tempo!
Não é de serem condenados, não é do ritual de togas e becas, nem sequer é da contraparte. É de saberem, à partida, que vão ser chamados para perderem dias inteiros, fechados numa sala de testemunhas, para nunca serem ouvidas à hora que consta da notificação, quase nunca no dia da notificação, e, em caso de falta, não escaparem da não tão pequena multa.
Confesso que não sei se é assim nas outras partes do mundo, espero bem que não. Mesmo que fosse, nada de bom daí adviria. Apenas saberíamos que há outros, tão errados quanto nós.
E, igualmente necessitados de mudar!
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