Considero Angola e Portugal países irmãos. Sem mais!
Unidos por séculos de história comum, ainda que diversa em
inúmeros aspectos, este povo Afro Europeu foi-se assimilando reciprocamente,
miscigenando pessoas, hábitos, prazeres e anseios.
Avaliando maneiras de estar, preferências alimentares,
comportamentos sociais e, acima de tudo, rapidez de integração, confesso a
minha dificuldade em encontrar substitutos para a simbiose.
Por muitas desavenças, atritos e forças que empurrem nesse
sentido, com que outro povo Portugal se identifica mais? Com suecos ou alemães?
Não creio!
E os angolanos, sentem-se mais “em casa” no Botswana ou
Marrocos do que em Portugal? Parece indesmentível que não!
Aqui chegados, é com profunda tristeza que assisto à recente
e evitável troca de recados, criticas e maledicências entre (alguns) Angolanos
e Portugueses.
É como se houvesse qualquer força superior que, para desgraça
recíproca, nos empurrasse para este constante estragar do que está bem.
Muitas vezes me interrogo a razão de ser desta desnecessária
autoflagelação à qual insistimos em nos submeter. Apetece-me, talvez para
justificar e racionalizar o fenómeno, encontrar um bode expiatório.
Creio, contudo, que a culpa é do etnocentrismo com que
continuamos a olhar uns para os outros.
Em 1906, o termo etnocentrismo foi utilizado pela primeira
vez por William
Graham Sumner.
Trocado por miúdos, e com o significado que aqui lhe quero
imprimir, etnocentrismo é o
entendimento segundo o qual julgamos que todas as sociedades e culturas se
baseiam nos valores, costumes e normas da nossa própria sociedade.
Apurando um pouco o conceito, poderíamos inclusive dizer que
uma visão etnocêntrica entre povos, leva-nos a encarar os comportamentos
próprios como superiores aos dos restantes.
Ora, muito embora Angola e Portugal tenham muito em comum,
não têm tudo. Nem seria desejável que assim fosse.
Para fortalecer esta umbilical relação, é preciso perceber, e
acima de tudo, respeitar tantas saudáveis diferenças que nos caracterizam.
No respeito dessa diversidade, encontraremos melhores
resultados e vantagens que a ambos trarão benefícios.
Devemos aos nossos filhos, muitos luso-angolanos, tudo fazer
para não desperdiçar todas as condições de construir um amanhã mais risonho.
Acima de tudo, devemos aos nossos “mais-velhos”, Angolanos e
Portugueses, o respeito pelas muitas boas memórias que não conseguem, nem
querem, arrancar do coração.
dc@legalwest.eu
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