quinta-feira, 23 de julho de 2009

CRÓNICA - EDUCAR A SÉRIO

Para mote desta crónica escolhi a Educação, tema caro ao discurso de tantos e tão pouco correspondido com acções e resultados.
A Educação, ao contrário do que muitos pretendem considerar, é, primeiramente, obrigação dos pais e só então da Escola. Não obstante assim ser, a Escola, por razões propositadas e circunstanciais, tem um papel determinante na “arquitectura” das sucessivas gerações.
Há dias, surpreendi-me fazendo as contas. Tenho já 21 anos de estudo, desde a antiga 1.ª classe até ao mestrado. Neste período passei por instituições públicas e privadas, umas melhores que outras, mais ou menos interessadas no resultado obtido.
No entanto, fosse em que grau fosse, sempre senti que o ensino podia, e devia, melhorar. Soubessem as pessoas, dirigentes, professores, pais e alunos procurar soluções, com humildade mas determinação.
A este propósito, tive recentemente oportunidade de ler um pequeno (em tamanho) mas grande (em interesse) livro que aborda de forma cativante a temática.
Escrito por António Câmara, um empresário/professor catedrático a quem foi atribuído o prémio pessoa 2006, compila textos e crónicas por ele publicadas na imprensa. “Voando com os pés na terra” é muito fácil de ler, surpreende pela visão peculiar, assente em crítica construtiva, experiencia vivida e exemplo dado.
Deixo aqui algumas das ideias chave, as quais não dispensam a leitura integral, que aqui vivamente recomendo:
• Uma é a aposta na excelência das universidades, não como entidades teóricas sem conexão ou utilidade prática, mas estreitamente relacionadas com as empresas. A título de exemplo, refere que os diplomados e docentes do MIT criam, todos os anos, 150 novas empresas. Nenhuma instituição de ensino portuguesa se aproxima, sequer, desse feito.
• Também a prática de desporto, é defendida não apenas como meio de manutenção da forma física, mas também como instrumento de aquisição de aptidões profissionais. No desporto, adquirem-se hábitos de rigor, disciplina, dedicação e coragem necessariamente influenciadores da personalidade.
• Critica aspectos do modelo de avaliação dos alunos. Entende que, erradamente, os exames são mais orientados para testar o que o estudante não sabe do que para avaliar se sabe os conceitos fundamentais. A inversão deste modelo poderá trazer efeitos sociais extraordinários.
• Apresenta também dois modelos de universidade: A que é orientada para formar empregados e a que se vocaciona para criar empreendedores. Na primeira basta conseguir elevadas classificações enquanto na segunda, é necessário querer aprender. Predominam no entanto os que preferem o conforto de um emprego à aventura da criação de uma empresa.
Várias outras ideias existem a longo dos textos, umas mais interessantes que outras. Goste-se ou não, concorde-se ou não, é apresentado um contributo para o que se pretende da educação. Não sendo forçoso aproveitar tudo o que dele consta, pena será que não se aproveite nada.
Como refere o livro, citando Bobby Knight, todos querem vencer, mas poucos são os que estão dispostos a prepararem-se para o fazer.

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