domingo, 25 de março de 2012

CRÓNICA: ORIENTAR O ORGULHO

Angola é, maioritariamente, um país de pessoas orgulhosas!
Frequentemente, a arrogância é associada a essa característica, contaminando-a. Se, felizmente, essa associação é em muitos casos injustificada, também cumpre dizer, que nem sempre o é.
Há razões para brio, sem necessidade de resvalar para o pretensiosismo.
Tenho, em conversas particulares com amigos e conhecidos, confessado um propósito que ultimamente persigo.
Como Angolano – que também sou – nascido em Luanda, tenho vontade de romper as fronteiras da capital e conhecer o território de lés-a-lés.
Afortunadamente, nos tempos mais recentes tenho-me obrigado/permitido calcorrear este deslumbrante país.
Mergulhar nas praias de Sangano ou ver o pôr-do-sol numa explanada do Sumbe, são experimentações deliciosas; Passear na restinga do Lobito, curvar a cabeça perante a imponência da Tundavala ou bailar nas curvas da serra da Leba, são memórias que carinhosamente arquivo; Do mesmo modo, visitar a pequena, mas bem arranjada, capital do Namibe, depois de atravessar os seus desertos, ou pernoitar na pacata Lucira, à beira-mar plantada, são vivências que amontoo com gratidão.
A cada novo passo, acrescento a minha convicção de que Angola oferece razões abundantes para tanto orgulho.
Mas será que quer interna, quer externamente, todas estas maravilhas exclusivas são verdadeiramente reconhecidas? Serão os milhões do Petróleo, diamantes e alguns embaraçosos exageros as únicas mensagens que passam?
Recentemente li sobre o parque da Kissama, aqui tão perto de toda a agitação Luandense. Não conheço – ainda. Mas vou conhecer!
Kissama, segundo alguns, tem condições para ombrear com parques internacionalmente renomados como o Kruger, na África do Sul.
Claro que ainda está numa fase embrionária, mas coisas estão a acontecer.
Pode no entanto ser, até pela sua privilegiada proximidade da capital, um maravilhoso cartão postal de Angola. Importa que todos contribuamos para que melhore as suas condições e não se renda a tentações que diminuam o interesse que pode vir a despertar.
Compete a todos apoiar o (re)nascimento destas maravilhas nacionais. Nomeadamente, fiscalizando o desenrolar das coisas.
Mas com tantas razões que os jovens Angolanos têm para se orgulharem do seu país, não parece que estes inimitáveis atributos sejam os mais valorizados.
Invejam-se desmesuradamente os milhões estacionados numa qualquer conta bancária, o tamanho do 4x4 ou a marca bordada na camisa do vizinho do lado.
Claro está que num país saído de décadas de guerra, onde a escassez se tornou um companheiro, indesejado mas permanente, é normal que haja uma maior vontade de compensar carências do passado.
Mas é absolutamente necessário andar para a frente e desenvolver as muitas e verdadeiras razões pelas quais um Angolano se deve sentir orgulhoso.
A todos, mas especialmente aos mais jovens, cabe a importante tarefa de contribuir para fazer de Angola um verdadeiro país de 18 províncias, rico e diversificado.
Os Angolanos fazem bem em ser orgulhosos. Às vezes devem, apenas, orientar o seu orgulho!

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