quarta-feira, 31 de outubro de 2012

ADVOCACIA EM PORTUGUÊS

A advocacia e seus protagonistas têm merecido das populações, ao longo dos séculos, sentimentos contraditórios.
Para compreender essa diversidade de sentimentos, talvez releve perceber a essência da profissão.
Antes de mais, as leis são feitas, usadas e aplicadas por humanos. Logo, imperfeitas, subjectivas e permeáveis a justas, mas divergentes interpretações.
Dizia Rousseau que o homem sensato não necessita de leis. Mas encontrar o equilíbrio da sensatez é tarefa que consome esforços inenarráveis.
Também, um advogado patrocina interesses de terceiros. Impõe limites que decorrem da sua ética, deontologia e integridade, mas, mesmo assim, é mandatário de quem o procura. Empresta a sua voz à mensagem de outros!
É, talvez, o mais democrático exemplo social. Quem o procura fá-lo livremente, conferindo-lhe procuração para que este, em seu nome, faça valer os direitos que a lei lhe confere.
Como cidadão angolano e português, lusófono convicto e advogado inscrito nas Ordens dos Advogados Portuguesa e Angolana, é com enorme satisfação que recordo a minha participação no 1.º Congresso da UALP – União dos Advogados de Língua Portuguesa, realizado em Lisboa no ano de 2010.
Desejo profundamente que o 2.º Congresso, a realizar em Luanda entre 24 e 26 de Maio deste ano de 2012, tenha adesão equivalente e, consolide o futuro deste auspicioso evento.
Penso, aliás, que as diversas Ordens dos Advogados que integram a UALP encontrarão entre os seus inscritos, muitos voluntários dispostos a contribuir empenhadamente para que esta instituição alcance maiores e melhores realizações.
Do ponto de vista do desenvolvimento económico e do investimento, pelo importante papel que desempenham como “desbravadores de terreno”, os advogados necessitam de fortalecer os seus contactos e ligações com as ordens jurídicas onde os seus patrocinados têm ou podem ter interesses.
Em muitos casos, podem inclusivamente exercer o papel de instigadores, direccionando empresários para determinados mercados.
Para além desse, subsistem todos os outros, nomeadamente no que respeita à salvaguarda dos direitos humanos, da equilibrada relação entre o Estado e as populações, a mediação de conflitos, a harmonização de posições extremadas.
Por estas, e muitas outras razões, os advogados que integram a UALP têm uma enorme responsabilidade na consolidação do espaço Lusófono como uma realidade viável e vantajosa.
O estabelecimento de parcerias entre colegas, em ambiente de lealdade e reciprocidade de interesses, a cooperação sem paternalismos ou complexos e a partilha de experiencias e conhecimentos trará, inevitavelmente, benefícios que a todos interessam.
Este congresso será uma excelente oportunidade de caminhar nesse sentido.
Invocando Cícero, “Tudo tem um começo modesto”.
David Cardoso
dc@legalwest.eu


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